O Sal
Conheço o sal da tua pele seca depois que o estio se volveu inverno da carne repousando em suor nocturno.
Conheço o sal do leite que bebemos quando das bocas se estreitavam lábios e o coração no sexo palpitava.
Conheço o sal dos teus cabelos negros ou louros ou cinzentos que se enrolam neste dormir de brilhos azulados.
Conheço o sal que resta em minhas mãos como nas praias o perfume fica quando a maré desceu e se retrai.
Conheço o sal da tua boca, o sal da tua língua, o sal dos teus mamilos e o da cintura se encurvando das ancas.
A todo o sal conheço que é só teu, ou é de mim em ti, ou é de ti em mim, um cristalino pó de amantes enlaçados.
Jorge de Sena
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