A Máscara de uma Gueixa

Gueixas... mulheres de extrema elegância no trato, infinitamente belas, sublimes, quase perfeitas!
Sempre julguei, erradamente, que a gueixa era uma mulher de vida fácil, talvez alguém que se aproxima muito à prostituta da nossa sociedade.
Ouvi numa entrevista, a propósito da estreia do filme baseado nesta obra, que, em Quioto, no Japão, a gueixa bem sucedida é a que consegue atrair a atenção e os favores de um homem influente. Em alguns casos, chega a compartilhar o mesmo tecto com a família legítima de um homem notável, tal é o estatuto que a sociedade lhe confere.

Porém, ao começar a ler o livro “Memórias de uma Gueixa”, penetrei num mundo para mim desconhecido, que se assemelha à escravatura. E senti pena.
A gueixa é fruto de uma transacção comercial entre uns progenitores que lutam, em vão, contra a miséria, e antigas gueixas, que, na reforma, se dedicam a explorar as jovens desde tenra idade.
É comprada enquanto criança. Não torna a ver a família, perde os laços que a unem às suas origens, desespera. Depois torna-se criada da sua nova casa. Espancam-na, se tenta fugir ou desobedece. Durante a sua vida tem de pagar, com o seu trabalho, todo o dinheiro investido na sua compra, sustento, educação, beleza, cuidados médicos. Frequentemente uma gueixa sustenta uma numerosa família para além de um número considerável de criados. Trabalha uma vida inteira para pagar uma dívida contraída por outrém, apesar de nunca ter sido questionada a sua vontade.
Cedo frequenta a escola, onde aprende a seduzir, através do canto, da colocação da voz, do estudo e treino dos movimentos. A sua formação nunca está terminada, sendo necessário um aperfeiçoamento constante das suas maneiras e da sua postura. O seu sucesso está sempre pendente destes pequenos pormenores... caso contrário, o seu destino é a vulgaridade, a prostituição.

A máscara da Gueixa é realmente convincente. A serenidade que dela emana, a beleza branca intemporal esconde, na maioria das vezes, histórias infelizes de traumas e desilusões. Como conseguem, apesar de tudo, ser tão belas?

Alma gémea

Ai, a alma gémea...
Se existe, nunca nos cruzámos.

Os homens têm tantos defeitos, logo não podem ser almas gémeas das mulheres.
Uns não arrumam a casa, outros deixam a roupa espalhada pelo chão... enfim...
Li no outro dia, num site de anedotas sobre casais, que a melhor maneira de fazer um homem deixar de ter sexo, seria casar com ele... muitas são as minhas amigas que testemunham esse facto! E muitos são os amigos que se queixam do mesmo.
No entanto há casais que se devem compreender na íntegra: os homossexuais! Se forem homens não se importarão decerto por a casa não estar arrumada; se forem mulheres terão as duas a obsessão da limpeza... (era a brincar!...)

Casal que se ame eternamente, só mesmo o Romeu e a Julieta, que puseram fim à vida antes de casarem!! Ou talvez aquele casal de velhotes das notícias de ontem, que namoraram durante 67 anos sem nunca terem ido ao altar ou mesmo à “missa”!
O seu amor só permanece porque não se conhecem bem. Essa ideia romântica, oriunda do budismo ou de outras correntes espirituais pouco ocidentalizadas, é bonita mas própria dos filmes, dos romances e da imaginação fértil das jovens apaixonadas.

Aquela alma que se cruzar comigo, materializada, duas ou três vezes em todas as minhas vidas terrenas, deve ser lindíssima, mas anda esquecida de descer à terra ou então incarnou no outro lado do mundo... pelo sim, pelo não, e porque não sou totalmente descrente, faço umas viagenzitas em países distantes, nunca se sabe!

É que, apesar de defender, por um lado, que ela não existe, tenho a imaginação fértil de uma jovem apaixonada e quero acreditar que, algures, alguém me procura para me tornar imensamente feliz.