Problemas de Expressão: 2006-06-25

Problemas de Expressão

Blog anónimo, preenchido com pensamentos, nem sempre inteligentes, mas genuínos. Os que eu não escrevo, são emprestados. Alguns posts tendem para a perversidade, mas só se estiver muito inspirada...

sexta-feira, junho 30, 2006

Quem mexeu no meu queijo????


JOHNSON, Spencer. Quem mexeu no meu queijo?

Este pequeno livro de 100 páginas, letra gorda, leitura fácil e ilustrações devia ser de leitura obrigatória para todos.
Imaginemos um labirinto que representa a nossa vida...
Imaginemos quatro personagens, dois ratos e dois humanos...
Imaginemos um queijo, representação da vida estável, do trabalho, do amor, da saúde, da família, do conforto, da rotina quotidiana, que, sem qualquer explicação, desaparece sem deixar rasto! Não acontece o mesmo em determinados momentos da nossa existência, a cada um de nós? Quem nunca experimentou uma reviravolta de 180º, profunda e traumatizante sem estar preparado para tal?
Sem motivo aparente, o queijo desaparece. Os ratos, seguindo o instinto de sobrevivência, como qualquer animal que se preze, partem de imediato, labirinto fora, à procura do queijo. Mas... e os homens? Como reage a espécie humana à mudança? Como deveria reagir? É esta a problemática tratada nesta obra.
Ao longo dos capítulos comparamos duas reacções distintas: se por um lado existe um tipo de homens que, embora com dificuldade, se adapta às novas condições impostas pelo destino, por outro lado existem também pessoas que rejeitam a mudança e necessitam de apoio para reencontrar o seu caminho.
A mensagem que importa reter é que temos de estar atentos aos sinais de mudança, antecipá-la, e quando ocorrer o inevitável, adaptar-nos o melhor possível, tentando extrair da nova experiência os resultados positivos. Importa também estarmos atentos aos outros, ser pacientes e dar-lhe pistas para, por si próprios descobrirem de novo a sua própria estabilidade.
Assim se processa o nosso crescimento físico, intelectual e espiritual.

segunda-feira, junho 26, 2006

Fado Maior



Num almoço animado, há algumas semanas atrás, lancei uma provocação ao meu amigo meio-chinês. Queria conhecer algo diferente em Lisboa, visto que as minhas curtas visitas raramente davam para ir mais longe do que aos centros comerciais ou ao médico! O meu chinês, sempre pronto a fazer-me as vontades, prometeu levar-me a um sítio nocturno onde eu nunca fora antes...

E pronto, lá estava eu, no Sábado à noite, pelas 9, aguardando a sua chegada no parque do Jardim do Tabaco, local de encontro acordado entre nós.
Entrámos nas ruelas da animada Alfama e subimos até uma típica praceta, decorada com o rigor da época, onde, por fim, parámos à porta de uma casita cuja entrada dizia “Fado Maior”.
- Casa de Fados... já me lixaram! – pensei. Pela expressão do meu cara-metade, a surpresa também não tinha sido muito agradável para ele.
Foi apenas a primeira impressão. Boa mesa (ai as pataniscas!...), guitarra portuguesa a acompanhar a refeição, gente simpática que serviu primeiro e cantou depois. E que bela voz tem a Dona Julieta!!!
Para a noite ser completa, um grupo vizinho animou o serão com poesia. O Celso Brasil foi excelente a declamar com a sua voz sambante!...
Passando a publicidade e sabendo que os donos escolhem os clientes, por que não passam por lá um destes dias?

Mas atenção... Se por acaso a cortina da entrada estiver estendida e as luzes da sala meio apagadas... Silêncio! Que se está a cantar o Fado!...

Margem Sul


Nesta pequena cabana, toda construída de madeira, em jeito de balcão sobre o mar e a praia, passo uma tarde fresca estival. Início de Verão, que ainda teima em não voltar!... A brisa marítima faz chegar à beira-mar um intenso cheiro a maresia e com ele algumas nuvens que pregam partidas aos banhistas. Decididamente não é dia de praia.
Por isso ali estou, a contemplar o horizonte, uma salada na mesa e a leitura recém-adquirida nas mãos. Por trás de mim, a arriba... Ao longe a entrada da barra e o Bugio. E a Serra de Sintra pintada, tal corpo de mulher, em segundo plano, por trás dos prédios ribeirinhos. Que visão!...
Ali sentada, não sinto saudades. Atrai-me a areia da costa, a cor do mar de Setúbal, o repouso inesperado. Esqueço o Sul... Encontro um refúgio aos pés de Lisboa, para surpresa minha, com todos os ingredientes para a paz de espírito. O contraste existe, a contradição, o que torna o quadro ainda mais intenso. E sei que o éden está tão perto e no entanto tão longe!...