Problemas de Expressão: 2006-11-05

Problemas de Expressão

Blog anónimo, preenchido com pensamentos, nem sempre inteligentes, mas genuínos. Os que eu não escrevo, são emprestados. Alguns posts tendem para a perversidade, mas só se estiver muito inspirada...

sábado, novembro 11, 2006

Magusto em Alta Mora






O Dia de S. Martinho foi comemorado em Alta Mora (concelho de Castro Marim), com um passeio pedestre pela Serra, seguido de um almoço na antiga escola EB1.

O passeio, desta vez com 9 quilómetros, foi bastante animado, pois o pessoal habitual tornou a comparecer cheio de energia e boa disposição.

O campo estava lindíssimo graças às chuvas recentes, o céu límpido, o sol no seu auge de beleza! Até os regatos e as ribeiras vieram ver os caminhantes, encabeçados pelo Matias (o gajo porreiro da organização, que tem paciência e gosto por estas coisas) e pelas guias Solange e Inês, as duas “carinhas larocas” mais giras lá do sítio.

O almoço já tão desejado, ao final das duas horas, soube mesmo bem... Umas febrazinhas grelhadas, salsichas, batata frita de pacote, salada e pão da serra com uma cerveja fresquinha no pátio da antiga escola, com vista para os montes... ainda há lugares aprazíveis!!!

As fotos dizem o resto.

domingo, novembro 05, 2006

Uma bela lição de poesia

Os fins-de-semana chuvosos como este levam-nos a procurar o conforto do sofá e da televisão, enquanto ouvimos cair a chuva no exterior. É o momento ideal para passar no clube de vídeo e alugar uns filmezinhos que não conseguimos ver no grande écran.
Sendo adepta de filmes que aos outros pouco dizem, aluguei um intitulado O Tigre e a Neve, realizado e protagonizado pelo Roberto Benigni, de quem já sou fã há alguns tempos, concretamente desde A Vida é Bela. Com alguma perplexidade, nele vim a encontrar aquela lição de poesia que desejaria ter tido nalgum momento da vida. Melhor, desejaria eu mesma ter a força e o prazer de a ensinar da forma como este professor a transmitiu a uma multidão de espectadores:

Vá, despachem-se. Com calma, não tenham pressa. Não comecem logo a escrever poesias de amor, são as mais difíceis, esperem pelos 80 anos.
Escrevam sobre outra coisa: o mar, o vento, o aquecedor, um comboio atrasado! Não há coisas mais poéticas do que outras!...
Perceberam? A poesia não está cá fora, está cá dentro! Não te perguntes o que é a poesia, vê-te ao espelho, a poesia és tu!
Vistam bem a poesia, procurem bem as palavras! Escolham-nas bem! Às vezes são precisos oito meses para encontrar uma única palavra! Escolham! A beleza nasceu quando as pessoas começaram a escolher, já com Adão e Eva! Sabem quanto tempo levou Eva a escolher a folha da figueira certa? Como me ficará esta? E esta? E esta aqui? E desfolhou todas as figueiras do paraíso terrestre.
Apaixonem-se! Se não se apaixonarem, tudo ficará morto. Apaixonem-se e tudo ganha vida, tudo começa a mexer!
Delapidem a alegria, dissipem o júbilo, estejam tristes e taciturnos com exuberância, atirem à cara dos outros a vossa felicidade! (...) Para transmitir felicidade é preciso ser feliz; para transmitir a dor, é preciso ser feliz. Sejam felizes, devem amargar, sentir-se mal, sofrer. Não receiem o sofrimento, toda a gente sofre.
E se não tiverem dinheiro, não se preocupem, basta uma coisa para escrever poesia: tudo!
Perceberam? E não queiram ser modernos, não há coisa mais antiquada que essa. Se uma frase não vos ocorrer nesta posição ou nesta, deitem-se no chão, ponham-se assim. É deitado que se vê o céu! Mas que bonito!... Por que não fiz isto antes?
Para onde estão a olhar? Os poetas não olham, vêem.
Obriguem as palavras a respeitar-vos. Se a palavra “parede” não vos ligar, ignorem-na nos próximos oito anos, que é para ela aprender! O que é isto? Isto é que é beleza, como estes versos, que quero que fiquem ali para sempre!
Apaguem tudo, vá despachem-se. Acabou a aula.

Amigos, estou sem palavras perante isto!