Problemas de Expressão: 2006-07-09

Problemas de Expressão

Blog anónimo, preenchido com pensamentos, nem sempre inteligentes, mas genuínos. Os que eu não escrevo, são emprestados. Alguns posts tendem para a perversidade, mas só se estiver muito inspirada...

sábado, julho 15, 2006

Eurydice

Tantas vezes já partiste
Que chego a desesperar
Chorei tanto, estou tão triste
Que já nem sei mais chorar
Oh, meu amado, não parta
Não parta de mim
Oh, uma partida que não tem fim
Não há nada que conforte
A falta dos olhos teus
Pensa que a saudade
Pode matar-me
Adeus

Vinicius de Moraes

sexta-feira, julho 14, 2006

Elogio da web


A internet proporciona e esconde milhares de experiências...
Podemos ser actores das nossas próprias histórias, até quando tentamos convencer os outros daquilo que não conseguimos convencer a nós mesmos.
Experimentamos sensações pouco duradouras, fugazes, algumas mesmo banais na maior parte das vezes. E sentimo-nos alegres por isso...
Usamos máscaras, algumas rotas, outras de porcelana fina. Que importa? Todas são falsas. Absolutamente falsas.
O nosso eu permanece dentro de nós mesmos, escondido, preservado, com receio que a descoberta possa trazer a realidade infeliz de volta. O alter-ego liberta-se e dá-nos o prazer de nos sentirmos diferentes e únicos. I believe I can fly... I believe I can touch The sky...
Na internet atam-se e desfazem-se laços tão facilmente, ao ponto de se questionar a verdadeira dimensão da amizade. Ao ponto de ferir de morte o amor.
Infringem-se leis, quebram-se promessas, trocam-se juras por mentiras... nada se perde, tudo se aproveita...?
Palavras trocadas, perdem o verdadeiro significado quando trocadas infinitas vezes, multiplicadas por infinitas pessoas. O resultado de tudo isto é ... efémera satisfação pessoal?
Será que a nossa consciência se apercebe que aqueles que somos, já não somos verdadeiramente? A nossa consciência tem consciência disso?...

Nesta pequena divisão da minha casa que me serve de escritório, encontro-me a trabalhar com a minha cadela a meus pés.
Lá fora, a menos de um metro de mim, um calor tórrido que ameaça a saúde dos hipertensos, que convida os menos resistente a largar tudo e dar um mergulho na praia mais perto...
Eu preparo uma reunião para Segunda-feira e ela dorme placidamente, deixando no ar o sussurro de um respirar profundo, interrompido apenas pelo som dos meus dedos no teclado ou pela exteriorização de alguns momentos do seu sonho canino. Dou comigo a pensar... que sonha ela? ou ainda... que bela vida de cão... e eis que surge, na minha memória, uns versos de Fernando Pessoa, que não querendo tirar o mérito ao poeta, exprimem bem a minha momentânea vontade!...
Ah, poder ser tu, sendo eu !
Ter a tua alegre inconsciência,
E a consciência disso !
Ó céu ! Ó campo ! Ó canção ! A ciência
Pesa tanto e a vida é tão breve !
Entrai por mim dentro ! Tornai
Minha alma a vossa sombra leve !
Depois, levando-me, passai !
E sabem que mais?
Vou mas é para a praia...

Deixo aqui, hoje, uma frase que foi muito utilizada durante o Mundial 2006, mas que não deverá ser esquecida em momento algum. Devia até ser um lema de vida. Como a memória é curta, fica aqui neste canto para os mais negativos relembrarem...


É ESTA A VANTAGEM DA AMBIÇÃO
PODES NÃO CHEGAR À LUA
MAS TIRASTE OS PÉS DO CHÃO...

quarta-feira, julho 12, 2006

Jomba, chefe de secção do Conselho Executivo de Cabo Delgado

Confesso que sempre tive um fraquinho pelo português falado pelos PALOP, especialmente pelo português com os sotaques angolano, moçambicano.
Sabendo disso, um colega enviou-me uma entrevista de uma rádio amadora moçambicana que me encheu de gozo, não só pelo falar quente e atrapalhado dos habitantes, mas também pelo interesse do tema! Tenho essa entrevista guardada no meu PC e costumo ouvi-la quando preciso de um momento de boa disposição. Esta noite dei comigo a procurar a deliciosa entrevista, que já ouvi centenas de vezes, até conseguir transcrever na totalidade os diálogos, os quais nem sempre foram fáceis de decifrar!!! Transcrevo-a na íntegra, com a promessa de enviar uma cópia por correio electrónico para quem quiser!

- A minha nome é, chama Jomba!
- Bom dia, primeiro...
- Muito bom dia! Muito bom dia, obrigado. Jomba!
- Jomba é o seu nome.
- É verdade!...
- O que é que o Jomba faz?
- Eu são chefe de secção do merda de Conselho Executivo de Cabo Delgado.
- Mas qual é o seu trabalho? Pode descrever um pouco melhor o seu trabalho?
- Quer dizer... dentro das possibilidades possibilitivas, latrinas melhorado e piorado. A minha trabalho é chefe de secção dos merda, quer dizer, eu anda todo cidades para ver como que estão fazendo a defecação e como que estão fazer o deita fora desses coisa, latrina e mesma coisa e aprender as pessoa que faz a cagação nos praia.
- Mas olhe, vai-me desculpar, falou aí nalguma coisa de melhorado e piorado, eu não percebi muito bem...
- Embora que lá, hábitos de pessoa é um hábito um pouco estranho. Não faz nas latrinas, esse então são os latrina piorado, que caga em qualquer lado, na rua ou aonde, esse é piorado! E depois tem latrina melhorado, aquelas pessoa que tem sentina, vai fazer cocó na sentina dele, esse tá melhorado, mas nosso trabalho é controlar todo esse gente em Cabo Delgado.
- Mas também falou que, por exemplo, há muito desse problema nas zonas das praias, aponto a praia do Wimbe, por exemplo, que está a ficar poluída. Diga-me lá se isso é verdade e o que é que o seu sector tem feito para combater isso?
- Em porquanto, nós não conseguimos fazer nada por causa aqueles população tudo são vizinhos co praia. Eles habitualmente como são nascido um preto de praia, não sei se é uma tipo de alimentação que eles estão dar aos peixes, para desenvolver camarão, como lagosta, como não, que está cheio no Wimbe. Agora nós tentemos tudos de forma, mas não tem uma maneira possibilitiva de fazer isto, sobre do quê, é que população faz sua cagação de noite! E de dia nós estamos controlar mas mesmo assim pessoa dele tem muitos finta por causa ir nos praia. Outro lado tem tipo montanha cos pedra. Ele esconde aí em baixo! Você amanhã só encontra cheio de mina de cocó ali, então pronto! Única maneira, nós também tentamos quando apanhar uma pessoa desse, pode levar ele pagar multa, mas ele num tem dinheiro! Ou mais ou menos vamos fazer uma mobilização de ele comprar latrina, mas também num tem dinheiro!? Problema dele é que também... eu não sei bem dizer... Conselho Executivo não tem dinheiro! Também Câmara Municipal não tem dinheiro!!!...

Lembrem-se do Jomba antes de comerem lagosta na paradisíaca praia do Wimbe!!

segunda-feira, julho 10, 2006

A divertida história de Marley, o pior cão do mundo





Depois de ler a história da vida de Marley, um labrador americano, o pior cão do mundo segundo o dono, resolvi recordar aqui os meus dois cães, Lótus e Prenda, também piores cães do mundo, mas geniais à sua maneira muito peculiar. Com eles vivi e vivo ainda momentos de alegria e tristeza, no dia a dia e no pensamento.
O livro do Marley é de leitura de praia, fácil e atractivo, com episódios hilariantes, não só do cão mas também desta peculiar família. Contudo deixa-nos uma mensagem sobre estes nossos amigos que, a meu ver, é inegável. Apenas os donos de cães a compreendem na sua totalidade:
Seria possível a um cão- a qualquer cão, mas sobretudo a um cão amalucado como o nosso - mostrar aos humanos as coisas realmente importantes da vida? Eu acreditava que sim. Lealdade. Coragem. Devoção. Simplicidade. Alegria. E também as coisas não importantes. Um cão não tem necessidade nenhuma de carros sofisticados ou de casas sumptuosas ou de roupas da moda. Os símbolos de status não lhe dizem nada. Um pau lambido pelo mar serve perfeitamente. Um cão não julga os outros pela cor da pele, credo religioso ou classe social, mas sim por o que elas têm dentro de si mesmas. Um cão não se interessa em saber se somos ricos ou pobres, educados ou iletrados, burros ou inteligentes. Dêem-lhe o vosso coração que ele dar-vos-á o seu. As coisas são na realidade bastante simples e no entanto somos nós, os humanos, muito mais sábios e sofisticados , quem sempre teve dificuldade em discernir o que é realmente importante ou não. (John Grogan)
Obrigada pela história, Marley...
Obrigada pelas vossas histórias, Lótus e Prenda!